1964 – 2014

São cinquenta anos que se separam.

O ano de 1964 que ficou marcado como acontecimento do dia 31 de março, como sendo o dia da Revolução, para uns e Golpe Militar para outros. Mas como sempre em todas as revoluções e golpes, é a mesma coisa. É um toma lá me dá cá!

No dia 31 de março de 2014, fiquei pasmo e como diziam alguns mais antigos que eu, usando uma expressão mais popular “fiquei bestificado”, quando na sessão da Câmara Municipal de Santarém, ninguém fez referência sobre a data. Nenhum Vereador usou a tribuna para abordar tal assunto, nem mesmo da oposição, nem mesmo aqueles que dizem que foram perseguidos por ela. Deixaram o bonde da história passar, silente, como na realidade passou o ano de 1964 por aqui. Tinham coisas mais sérias e urgentes para tratar.

Aqui, acompanhavam-se os acontecimentos dos anos sessenta, pelo rádio. Quem possuía um transglobe da PHILCO, ligava na Rádio Globo do Rio de Janeiro, ou mesmo, na Voz da América.  E acompanhavam os comentários diários, no mercado, pela manhã cedo, pelo saudoso “Zeca BBC”.

Esqueceram em alguns debates ocorridos aqui na Cidade, pela passagem dos cinquenta anos da revolução de 64, de um dos personagens, senão, o único mais marcante, que foi Benedito Monteiro, ex-deputado estadual, preso nas matas de Alenquer, desembarcado, aqui no trapiche próximo do Bar Mascote e levado para o Aeroporto preso pelo pessoal da FAB, para Belém, porque pregava “a Reforma Agrária, na lei ou na marra”, o mesmo slogan do presidente João Goulart.

Benedito Monteiro em 1988 foi nosso deputado constituinte, lutou pela Criação do Estado do Tapajós, (para quem não sabe), juntamente com PAULO ROBERTO MATOS e GABRIEL GUERREIRO, (recentemente falecido) e foi um dos maiores vultos da literatura paraense no século passado.

A reação ao golpe militar foi mais acentuada na capital, onde se tinha o movimento estudantil mais forte, pois ali estavam as faculdades, de medicina, direito e engenharia, por exemplo, as mais fortes; os sindicatos, como o dos petroleiros, bancários, jornalistas e intelectuais, além dos órgãos de imprensa mais fortes e, como, até hoje, sede das decisões políticas, de todo o Estado.

Aqui em Santarém, afora esse fato da prisão do BENEDITO MONTEIRO, tivemos alguns líderes estudantis da Associação dos Estudantes Secundarista de Santarém, como Djalma Amazonas, Apolonildo Brito, e mais alguns da ASEAS que foram se explicar.

Em 1964, o povo foi para as ruas, com a “Marcha da Família com Deus pela liberdade”, a passeata da panelada pelas mulheres dos militares e Liga Camponesa. Já tivemos nos últimos anos movimento semelhantes. Lá houve, a rebelião dos marinheiros, dos sargentos da FAB. Temos hoje, de PMs, de delegados, de policiais civis, até de médicos, legistas, peritos criminais, professores, rodoviários e MST e muitos outros ST.

Naquela época, quis-se condecorar CARLOS MARIGHELA, com a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração do governo brasileiro. Hoje, se financiam obras, em Cuba, na Venezuela e se importam médicos cubanos e com a desculpa de trabalhar durante a copa do Mundo estão vindo, sorrateiramente, militares, cubanos. E provado já está que tem gente da guerrilha FARC trabalhando dentro do Planalto. Será que é uma entrega sutil do País aos companheiros?

Nos ditos anos de chumbo a censura foi a partir do AI – 5, agora, durante oito anos o Lula tentou calar, amordaçar a imprensa, desrespeitar o Judiciário, para fazer o que ele queria, que era fazer o povo engolir goela abaixo o que ele queria na “marra”, além de fazer do Legislativo o seu fiel servidor, com compras de apoio. E o atual governo, o da Dona Dilma, continua no mesmo caminho. Só com uma diferença, os escândalos de corrupção e roubalheira não param de aparecer, quando se pensa que já acabou vem mais outro. E o dinheiro do povo, vai pelo ralo.

Comentou-se até que a revolução de 1964 respingou em Santarém. Houve, sim, um grande respingo! Mas pelas obras que marcaram a nossa cidade, primeiramente. Por amizade com o ministro JARBAS PASSARINHO, homem forte, junto aos governos militares com os nossos políticos, na época, Ubaldo Correa, Everaldo Martins (que chegou a ser Interventor, tinha sido Prefeito eleito pelo povo em 1962/1966), Paulo Lisboa (também foi interventor), conseguiram, para cá o Centro Social Urbano, (onde hoje está localizada a UEPA), o cais do porto, a orla fluvial, e olhem só o Aeroporto de Santarém, hoje, internacional e a estrutura ainda é daquela época. Início do estádio Passarinhão, hoje Colosso do Tapajós, possivelmente em conclusão antes da eleição de outubro de 2014. E o cais do porto, o tropical hotel, delegacia da Polícia Federal e a vinda do 8º BEC para Santarém e a construção desta BR – 163. Quarenta anos de descaso e desrespeito com o cidadão amazônico, isto porque era “Terra sem Homens para Homens sem Terra”.

Mais tarde com a “cassação” do Prefeito Elias Pinto, iniciou-se uma sucessão de prefeitos, que eram presidentes da Câmara Municipal de Santarém: os vereadores: Fábio Lima, ELINALDO BARBOSA (assassinato em seu gabinete, pelo funcionário Humberto Frazão, quando este foi pedir o pagamento dos seus salários que estavam atrasados, assim como os do demais servidores da Prefeitura) e Jerônimo Diniz. A partir daí, Santarém passou a ser considerado Município ou área de segurança nacional. E veio para cá o primeiro interventor desse novo período, o Capitão do Exército Brasileiro, Elmano de Moura Melo. A Interventoria durou até o Prefeito “pró tempore” Ronan Liberal Lira, e com a eleição de Ronaldo Campos de Sousa. Creio que não deu ´para esquecer os anos sessenta, nestes cinquenta anos.

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Hoje, quando escrevo este texto, 10/04/2014, é o Dia do Prefeito. Aqui vai minha mensagem para o nosso gestor, “….mamãe eu não quero ser Prefeito, pode ser que eu seja eleito e aí vou querer me acostumar…” (Raul Seixas). Por favor, senhor Prefeito, Alexandre, não “vá querer se acostumar” pelo amor de Deus, Santarém não merece tanto descaso e abandono por mais quatro anos.

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Um passarinho me contou no meu ouvido, com muita tristeza, que brevemente fechará as portas a GRÁFICA TIAGÃO, o que é lamentável, nesse momento que Santarém parece começar a deslanchar para o desenvolvimento econômico mais acentuado. Se a classe empresarial de Santarém não se reunir e der um apoio a uma das grandes obras de mais de trinta e oito anos, deixada por Dom Tiago Ryan. Santarém, não deve ficar só no já teve. Já teve Usina de Algodão, de Juta, fábrica de redes, usina de beneficiamento de arroz, curtumes. Igarapé do Irurá, lago do Juá, Papucu, Mapiri, igarapezinho, Laguinno, Vera Paz e Urumari e Pouso das Garças no Maicá.

E HOJE A partir das 23 horas, o tradicional baile de Saudade, no FLUMINENSE, com o toque musical do Maestro Roselito e da cantora Lígia Mônica, diretamente vindos de Macapá. Não perca! A sua sexta-feira é no Fluminense da Presidente Vargas.

Um comentário em “1964 – 2014

  • 10 de abril de 2014 em 18:15
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    Gostaria de saber o que o Ubaldo Correa era em 1964.Deputado estadual?`Por qual partido?Quando começou sua atividade politica?O que sua família fazia ai em Santarém?é para um trabalho que estou desenvolvendo sobre o Jornal do Dia(ele foi diretor depois de 64) e o golpe no Estado.Sou jornalista.
    Fico-lhe grato.
    Expedito Leal

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