Chiquinho: “Alto escalão da caixa pode estar envolvido em fraudes”

Francisco Barbosa pede que Ministério Público e Polícia Federal investiguem denúncia
Francisco Barbosa pede que Ministério Público e Polícia Federal investiguem denúncia

O mais recente capitulo da novela que se tornou o Programa Minha Casa Minha Vida, em Santarém, no oeste do Pará, revela que funcionários do alto escalão da Caixa Econômica Federal podem estar participando de irregularidades nas medições já realizadas nas obras do residencial Moaçara, que congrega os residenciais Moaçara I, Moaçara II, Santo André e Uruará. As acusações são feitas pelo líder comunitário Francisco Barbosa, o popular “Chiquinho do Aeroporto Velho” em entrevista exclusiva concedida à nossa reportagem.

JORNAL O IMPACTO: COMO É QUE ESTÁ A SITUAÇÃO DO RESIDÊNCIAL MOAÇARA ATUALMENTE?

FRANCISCO BARBOSA: O Residencial Moaçara, hoje se encontra com as obras paradas. Ou seja, as obras estão paralisadas desde dezembro de 2013, e nós aguardando algum tipo de solução. Poucos dias atrás foi feito um comunicado por parte da Prefeitura, que uma empresa tinha sido contratada pela Caixa Econômica Federal para continuar a obra, haja vista que o Residencial Moaçara é uma obra do Governo Federal administrada pela Caixa Econômica Federal. Mas pelo o que a gente vê, é que nessa obra há uma série de irregularidades em cima desse projeto, que é o Moaçara I e Moaçara II, residencial Santo André e Uruará. No Residencial Santo André nós detectamos uma série de irregularidades, desde o começo, quando se fez a limpeza da área. Na ocasião, foi colocado na medição da Caixa Econômica Federal o percentual de quase 6% de obra concluída, sendo que somente tinham feito a limpeza da área. Então, veja bem, a gente vem acompanhando uma série de irregularidades desde o início. No residencial Uruará, o memorial descritivo diz que obra tem que ser feita com tijolos de seis furos, e a obra foi executada com blocos. Aí se vê como as coisas estão sendo feitas e conduzidas de forma errada.

JORNAL O IMPACTO: É VERDADE QUE FOI FEITA UMA RETIRADA DA CONTA DO CONTRATO DE UM RESIDENCIAL NA VÉSPERA DA ÚLTIMA ELEIÇÃO?

FRANCISCO BARBOSA: Esse fato grave que nós detectamos em 2011, véspera das eleições de 2012. Foi feita uma retirada da conta do contrato do Residencial Santo André, no valor de R$ 4 milhões, e 12 dias depois da eleição o dinheiro retornou à conta. Nós estamos todo esse desenrolar e o que vem acontecendo de errado; estamos alertando o Ministério Público, que reuniu no mês de março passado com a gente. Uma coisa que deve ficar bem clara é relacionada à publicação no Diário Oficial do Estado, em 2011, da licitação que era para casas populares no bairro do Santo André, mas só que esse dinheiro não é para casas populares, é para infraestrutura do Santo André. Então, foi transformada em construção de casas populares, e eu acho que fizeram aditivo do projeto, e de lá tiraram do Santo André e trouxeram para o Aeroporto Velho.

Segundo denúncia, material usado na obra compromete segurança de futuros moradores
Segundo denúncia, material usado na obra compromete segurança de futuros moradores

JORNAL O IMPACTO: COMO VOCÊ TEVE ACESSO A ESSAS INFORMAÇÕES?

FRANCISCO BARBOSA: Isso foi Procurador Federal que me disse, que há essas irregularidades. Portanto, é necessário que seja investigado. O residencial Moaçara I e II apresenta uma série de problemas, inclusive, quando se estimou o primeiro custo dele, Vejamos: o primeiro foi de R$ 73 milhões, isso em 2011; em 2012 o valor passou para R$ 77 milhões. Quando eles iniciaram a obra, o valor já estava em R$ 82 milhões. O que está acontecendo? O por quê desta obra está ficando cada vez mais cara? Uma outra coisa que foi encontrada, é que dentro do contrato consta que o imóvel terá sala, cozinha, 2 quartos, banheiro e área de serviço. Só que área de serviço não foi feita. Por que aquela obra encareceu, se tiraram a área de serviço? E por que a obra vem encarecendo a cada dia que se passa?

JORNAL O IMPACTO: COMO VOCÊ AVALIA A FISCALIZAÇÃO NA CAIXA ECONÔMICA NESSAS OBRAS?

FRANCISCO BARBOSA: Na semana passada fui procurado por um ex-funcionário da empresa responsável pela obra, que me relatou uma série de irregularidades. Essa pessoa me informou que na medição da Caixa Econômica Federal, os fiscais só chegavam por volta das 18 horas, e uma das coisas que faziam era a medição. Vamos supor, eles faziam a medição em dois, três e quatro prédios, e quando eles voltavam para fazer a medição em outra área, eles tiravam as janelas daqueles tinham sido feito as medições pela Caixa Econômica, e levavam para colocar em outros prédios. Outra coisa que ele relatou, é que quando os fiscais estavam no local, os funcionários da empresa ficavam em cima da laje, e dentro das várias betoneiras, mas só que nessas betoneiras só colocavam água e brita. Então, os fiscais da Caixa chegavam ali e viam aquela movimentação toda, colocavam em seus relatórios como se estivessem preenchidas aquelas lajes. Na verdade, quando os fiscais saiam, eles tiravam os carros e tiravam a água e a brita de dentro da betoneira. Era só armação. Outra coisa que essa pessoa denuncia, é que o encaibramento dos telhados não é a madeira que esta lá na medição da Caixa Econômica Federal. O que se precisa fazer é verificar essas medições imediatamente, que sejam solicitadas as medições da Caixa Econômica Federal, para verificar se batem com que tem no residencial Moaçara. Se isso não bater, está comprovada a irregularidade e a fraude em cima do projeto.

JORNAL O IMPACTO: VOCÊ ACHA QUE HÁ O ENVOLVIMENTO DE ALGUM FUNCIONÁRIO DO ALTO ESCALÃO DA CAIXA EM FRAUDE?

FRANCISCO BARBOSA: Com certeza. Tem alguém envolvido da Caixa Econômica Federal. Isso não tenho dúvida, pois aconteceram todas essas irregularidades nas obras e não acredito que os fiscais não tivessem detectado. Outra coisa, o por quê dessa retirada de R$ 4 milhões da conta do residencial Santo André. E o por quê desta medição do início da obra, sendo que só tinham limpado a área, e a medição já tinha colocado lá quase 6% de obra concluída. Isso é estranho e é necessário que haja uma investigação.

JORNAL O IMPACTO: É VERDADE QUE AS CASAS OFERECEM PERIGO PARA QUEM FOR MORAR NELAS?

FRANCISCO BARBOSA: Esta obra também está com problemas de infiltração, escada quebrando. Tem que ser feito um levantamento técnico para constatar tudo que está sendo relatado pelo ex-funcionário, porque se isso aconteceu, eles levaram muito dinheiro. Por isso que muitas empresas não queriam pegar essa obra, estavam pedindo mais R$ 2 mil reais por apartamento. É necessário que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal investiguem a fundo, para saber o que realmente aconteceu no residencial Moaçara. E o por quê dessa mudança de valor, R$ 73 milhões, foi para R$ 77 milhões, e depois para 82 milhões de reais. Também por que não fizeram a área de serviço. Como que as famílias vão morar lá, em apartamentos bastantes pequenos, sem que haja área de serviço? Portanto, aqui, a nossa cobrança é para que haja uma investigação por parte do Ministério Público Federal, da Justiça Federal e da Polícia Federal, para descobrir essas irregularidades.

JORNAL O IMPACTO: NA SUA OPINIÃO, EXISTE PERIGO PELA PÉSSIMA QUALIDADE DO MATERIAL QUE ESTA SENDO USADO?

FRANCISCO BARBOSA: Com certeza. Se aconteceu tudo isto, significa que são pessoas que não têm responsabilidade, são pessoas que não estão preocupadas com a vida humana. Portanto, tem que ser verificado, pois as famílias que forem morar no residencial Moaçara, com certeza vão correr risco de morte, porque a obra está sendo executada por gente que não tem responsabilidade.

Por: Edmundo Baía Filho

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