CPI revela troca de telefonemas de Youssef com ex-presidente do TJPE

Alberto Youssef
Alberto Youssef

Apontado pela Polícia Federal como líder da organização criminosa que movimentou R$ 10 bilhões por meio de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e pagamentos de propina a políticos, o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato, efetuou e recebeu telefonemas de um ex-presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), atualmente desembargador, e de um servidor do Tribunal de Justiça São Paulo (TJSP). Também conversou cinco vezes por telefone, no ano passado, com Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades Mario Negromonte, afastado da pasta em 2012, após denúncias de irregularidades. Os dados confidenciais referentes à quebra de sigilo telefônico, já em poder da CPI mista da Petrobras, aos quais o Correio teve acesso, revelam ainda a troca de telefonemas entre o grupo EBX, holding brasileira do empresário Eike Batista, e Humberto Sampaio de Mesquita, genro do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso com Youssef na Lava-Jato.

O relatório, com base nas informações fornecidas pelas operadoras de telefonia celular, indica que, em 2010, o aparelho funcional em posse do desembargador Jones Figueiredo ligou nove vezes para o telefone do doleiro. O conteúdo dos diálogos ainda não foi disponibilizado para o colegiado. Conforme o relatório, há 10 telefonemas de Youssef para Figueiredo, atualmente o mais antigo desembargador da Corte pernambucana.
Em 8 de junho de 2010, em Brasília, o número do celular de Jones Figueiredo aparece ligando três vezes para o aparelho registrado em nome de Youssef. As ligações duraram, em média, dois minutos. Em 9, 10 e 11 de junho do mesmo ano, novos telefonemas foram efetuados para o mesmo número. A ligação mais demorada ocorreu no dia 9. O telefonema durou 2 minutos e 24 segundos.

O Tribunal de Justiça de Pernambuco, por meio da assessoria de imprensa, informou que, se for provocado pela CPI mista da Petrobras, vai repassar as informações necessárias. Em nota oficial, limitou-se a comunicar que “considera que, estando em curso investigações sigilosas, levadas a efeito com segurança e precisão pelos organismos competentes, quaisquer informações que possam ser solicitadas devem seguir a mesma linha de reserva. Assim, de adequada conformidade e modo, atuará, quando necessário for, com a devida presteza, oferecendo os esclarecimentos suficientes e satisfatórios que lhe caiba quando requisitados oficialmente”.

Fonte: Correio Braziliense

 

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