Para Renan, não há como Dilma escapar de decisão do Congresso sobre cálculo da dívida dos estados

Presidente do Senador, Renan Calheiros
Presidente do Senador, Renan Calheiros

Um dia depois de a Câmara aprovar o projeto que obriga o governo a mudar o indexador das dívidas de estados e municípios, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta quarta-feira que o Senado também votará a proposta e sinalizou que o Congresso derrubaria um eventual veto da presidente Dilma Rousseff à proposta. Renan reclamou que o governo não cumpriu o acordo de adotar o novo indexador e avisou que, com esse tipo de comportamento, “não dá para ter uma relação harmônica” e voltou a criticar a relação política entre Congresso e Executivo.
Perguntado se havia uma crise entre os dois Poderes, Renan negou, mas acrescentou que o Congresso está atuando cada vez mais com força.
— Essa renegociação não mexe no curto prazo, ela mexe no perfil. Por isso, o impacto é pouco. E esse assunto já havia sido negociado com o governo. Essa matéria esperou sete anos no Congresso e, depois de aprovada, ela volta por falta de regulamentação. Quer dizer, assim não dá para ter essa convivência harmônica como a Constituição manda — disse Renan, acrescentando:
— Não vejo crise. O que está mais claro para todos nós é a necessidade, cada vez mais, de o Congresso ser Congresso e fazer a sua parte. Nessa matéria, já tínhamos resolvido. E agora ela volta em função da não-regulamentação do governo. Como o governo não regulamentou, o Congresso vai ter que regulamentar.
Renan disse que a última palavra sobre vetos presidenciais é do Congresso, sinalizando que um veto ao projeto seria derrubado. O Palácio do Planalto é contra a proposta, afirmando que ela afeta o ajuste fiscal. O governo chegou a calcular em mais de R$ 180 bilhões o impacto em 25 anos.
— Se a presidente vetar, é o Congresso, ao final e ao cabo, que vai apreciar o veto. E ai vamos para a apreciação de veto, mas a palavra final será do Congresso — disse Renan.
O Senado deve votar a proposta ainda hoje, embora Renan tenha dito apenas que isso ocorrerá “o mais rápido possível”. O presidente do Senado reafirmou que os estados e municípios pagam “juros escorchantes”:
— Que essa matéria seja rapidamente apreciada. O problema é o seguinte: é que essa taxa de juros é escorchante. Ela é a mesma da década de 90. Os estados pobres e municípios estão pagando 17% de juros: IGP-DI mais 6,5% a 9%. Isso é absurdo porque, na medida em que você cobra isso de estado quebrado, falido, você tira dinheiro desse estado, tira de colocar na educação, na segurança, no salário dos servidores — disse, completando:
— Fazer o ajuste da União sem levar em consideração a necessidade igual de ajustar os estados e municípios é muito ruim para o país. Quer dizer, não há como compatibilizar o ajuste com a situação dos estados e municípios. E esse ajuste, da forma que está sendo feito, desajusta estados e municípios. E o Congresso não pode concordar com isso.
Fonte: O Globo

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