CPI da Câmara comprova cartel na prefeitura

Vereador Peninha diz que CPI descobriu diversas irregularidades na gestão de Eliene Nunes
Vereador Peninha diz que CPI descobriu diversas irregularidades na gestão de Eliene Nunes

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal de Itaituba está na etapa final de conclusão dos seus trabalhos. A CPI tem prazo de 120 dias para a conclusão das investigações e como iniciou dia 27 de abril, dia 27 de agosto tem que encerrar os trabalhos.

Para o relator da CPI, vereador Peninha, os trabalhos da comissão devem ser concluídos até o dia 10 de agosto. Isto inclusive já foi discutido entre os membros da Comissão para que até esta data o relatório final esteja pronto para votação na Comissão e seguir para o plenário da Casa.

Analisando os depoimentos e os documentos existentes, o relator disse que há fatos contundentes da malversação do dinheiro público, principalmente do Fundeb. Entre as irregularidades, Peninha disse que o aluguel de veículos para o transporte escolar virou uma “farra”. “Houve desperdício do dinheiro público na contratação destes veículos”, acrescentou o relator, reiterando que mesmo alugados os carros o Município fez a manutenção com dinheiro do Fundeb. O pior, que grande parte das placas indicadas nos pagamentos dos aluguéis dos carros dos transportes escolares são de motocicletas, caminhões e até de semirreboque, com placas de outros municípios e com documentações atrasadas.

“Foi constatada a aprovação da prestação de contas do exercício de 2014 da educação com inúmeras irregularidades, que devido a administração possuir a maioria dos membros no Conselho do Fundeb, manipulou a aprovação das contas. Houve o uso indevido de recursos do Fundeb para bancar a Semana da Pátria, com aluguel de palcos, som e até de banheiros químicos. Também foi servido lanche, tanto na avenida, local do desfile, como nas escolas. Tudo pago com dinheiro do Fundeb”, ressaltou Peninha.

Nas investigações, ficou comprovado o uso indevido de recursos do Fundeb, 40% para pagamento das obras de conclusão das quadras polivalentes e de creches. Tanto os secretários de Administração como de Educação e empreiteiros confirmaram o uso de dinheiro do Fundeb na conclusão destas obras. As 10 quadras polivalentes e as 6 creches fazem parte do Programa PAC-2 do Governo Federal. Justificaram que os gastos foram feitos baseados num parecer da Procuradoria do Município. “O parecer está fora de contexto, não tem nada a ver com Fundeb”, afirmou Peninha.

“São tantas as irregularidades, que cada dia que passa a gente fica mais surpreso”, disse o relator. “Muita coisa ainda não foi descoberta, porque a prefeita Eliene Nunes cria obstáculos para fornecer as informações. Por exemplo, a folha de pagamento dos servidores, ninguém sabe o valor verdadeiro, pois a Prefeita não torna transparente a folha, apenas diz que a mesma custa R$ 8.000.000,00 (oito milhões de reais). Mesmo as informações sendo negadas pela administração, já temos documentos suficientes para incriminar a prefeita Eliene Nunes”, afirmou o relator.

“O que temos certeza, porque já constatamos, é a malversação do dinheiro do Fundeb, 40% com prestação de serviço e de compras, sem qualquer vínculo ou relação com a manutenção do ensino. Os conselheiros, representantes do Sintepp no Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb, denunciaram as irregularidades junto aos demais membros do Conselho, ao Ministério Publico e até na Câmara de Vereadores. Esta Casa, em poder das denúncias e de documentos extraídos da prestação de contas, passou a investigar e comprovou as irregularidades. Inclusive, para tentar maquiar esta prestação de contas de 2014, a coordenadora do Controle Interno da Prefeitura, Keila Cristina Lopes, esteve na reunião final do Conselho e justificou as denúncias formuladas pelos conselheiros do Sintepp. Confessou, inclusive, que o Município pagou com recursos do Fundeb a compra de pneus para carros alugados de terceiros”, declarou Peninha.

O Conselho da Merenda Escolar também denunciou o superfaturamento de produtos comprados pelo Município. “Entre eles, o feijão que foi comprado por R$ 7,48 o quilo, enquanto nas prateleiras dos supermercados está sendo vendido a R$ 4,48 o quilo. A banana prata, o quilo foi licitado a R$ 1,78 e o Município pagou R$ 5,10 o quilo. Não temos duvida das irregularidades”, frisou Peninha.

“Baseado nos depoimentos de empresários ficou comprovada a existência de cartel nas licitações. Inclusive foi usada até certidão federal falsa para desclassificar uma empresa para dar os itens ganho por ela para outra empresa. Empresa esta que é a protegida do governo, a E. COSTA SILVA”, lembrou Peninha.

“Agora, estamos querendo ouvir a Prefeita e ela se recusa a colaborar com a Comissão. Já era esperada esta postura dela. Quando criamos a CPI, a prefeita Eliene Nunes foi aos canais de televisão dizendo que não tinha medo da CPI. Que não tinha nada a esconder, pois no seu governo está tudo certinho. Disse, inclusive, que todas as informações que a Câmara pede são atendidas. Isto não é verdade. Ela fala uma coisa e na prática faz outra. Nunca atendeu aos pedidos de documentos solicitados, tanto pela Câmara como pela CPI. Isto está atrapalhando nosso trabalho e com esta atitude dela a CPI já poderia ter pedido seu afastamento, para que Eliene Nunes atrapalhasse as investigações. Mas preferimos não ser radicais e esperávamos que ela colaborasse”, acrescentou o relator.

“Mesmo a Prefeita não comparecendo para prestar esclarecimentos sobre os itens que já solicitamos dela, vamos concluir os trabalhos, porque temos prazo. Uma coisa é certa, os envolvidos vamos denunciar e pedir providências das autoridades. Independente de aprovação da Câmara. Como vereadores também vamos denunciar e isto aos órgãos. Não podemos ser omissos ou coniventes e tenho certeza que a maioria dos colegas vai nos acompanhar assinando estas denúncias”, concluiu Peninha.

Por: Nazareno Santos

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