Extrativista sofre ameaça de morte no assentamento Corta Corda

Sancler Viana denuncia ameaças
Sancler Viana denuncia ameaças

Depois do Ministério Público Federal (MPF) em parceria com a Polícia Federal (PF) investigar e colocar 21 pessoas na cadeia, no fim de agosto último, acusadas de comércio ilegal de madeira, surgem novas denúncias de crimes cometidos por madeireiros na zona rural de Santarém, oeste do Pará.
Desta vez, o extrativista Sancler Viana, líder comunitário do Assentamento Corta Corda, localizado na rodovia Santarém/Curuá-Una (PA-370), revela que está sofrendo constantes ameaças de morte, por parte de madeireiros da região.
Todos os entraves que acontecem dentro dos assentamentos, segundo Sancler Viana, partem do setor madeireiro, principalmente com as ameaças de morte aos assentados e demais problemas que prejudicam os agricultores. “Não se faz projeto de qualidade para dar sustentabilidade aos assentados, não se faz um assentamento de acordo com as leis. Santarém é uma cidade que poderia ter os melhores assentamentos. Era pra ter um dos melhores projetos de manejo florestal bem feito e bem planejado, mas infelizmente existe um entrave que a gente não sabe porque existe, ocasionado pelos madeireiros”, denuncia Sancler Viana.
Sancler reafirma que freqüentemente sofreu ameaças de morte, porque juntamente com os demais assentados quer a coisa certa, porém, o outro lado quer a coisa errada. Ele reforça que a última ameaça aconteceu há menos de um mês. “Um advogado que representa uma madeireira foi na minha casa e me ameaçou de morte. Ele disse pra mim o seguinte: ‘Se tú não sair de nossas áreas e todos os assentados, os coveiros de Santarém estarão abrindo covas todos os dias’. Isso significa que ele estava pronto pra mandar me matar”, revela Sancler Viana.
Ele comenta que não fez a denúncia na Delegacia de Santarém porque ficou com medo de sofrer novas tentativas de assassinato. “A partir do momento que sofremos uma denúncia, a gente sabe que pode sofrer represálias. Fizemos encaminhamentos pro Ministério Público Federal e pra Polícia Federal. Pedimos apoio da PF em relação a essa questão”, ressaltou Sancler.
De acordo com ele, já tentaram lhe matar em outras ocasiões. “Uma vez pela parte da madrugada foram na minha casa pra me matar. Era pra eu sair às 5 horas da manhã pra ir pro assentamento. Aí eu me deparei com dois homens em uma motocicleta. Eles quebraram a lâmpada da frente da minha e ficaram esperando eu sair. Como naquela hora eu tinha acordado e ouvi o barulho, eu fui olhar pela brecha do portão e, vi que haviam dois homens em uma motocicleta, só esperando eu sair pra me matar. Os pistoleiros estavam justamente a mando de madeireiros”, aponta Sancler Viana.
CASO MADESA: O madeireiro mais forte dentro do assentamento Corta Corda e, que está prejudicando diretamente os agricultores e extrativistas e, que já foi denunciado no Ministério Público Federal e na Polícia Federal, segundo Sancler Viana, se chama “Luizão da Madesa”. “Ele supostamente já tirou a vida de uma pessoa lá dentro e é um encalço para os assentados. Anda prejudicando os moradores que estão fazendo suas atividades, exercendo suas funções de agricultor. Também está com as máquinas dele lá dentro roubando madeira”, denuncia Sancler Viana.
O Líder Comunitário reforça que já esteve na Polícia Federal e pediu apoio para os agentes irem até o assentamento Corta Corda e verificar de perto essa situação. “Ele (Luizão) anda ameaçando muita gente e, é um terror lá dentro. A área que ele toma conta é toda nossa e está toda dentro do assentamento. Ele diz que é o fiel depositário dessa área. Mas, a verdade é que ele está com essa área porque deve ter mandado matar o Zé Orlando lá dentro e, que as autoridades de Santarém nunca tomaram providências”, revela Sancler.
Ele acrescenta que a morte do agricultor Zé Orlando aconteceu em meados de 2003. “Sabemos que além dele, ocorreram outras mortes lá dentro. Sabemos que recentemente no portão de uma outra madeireira houve a morte de um vigilante e, que não foi desvendada pela Polícia. Vamos dar um prazo para as autoridades abrirem os portões da Madesa e dessa outra madeireira. Caso isso não seja feito, vamos reunir os comunitários e quebrar os portões”, avisa Sancler.
RECOMENDAÇÃO: Em julho de 2014, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou à presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que realizasse a demarcação da área e organização espacial do projeto de assentamento da comunidade Corta Corda. O MPF também recomendou a fiscalização na área do assentamento para verificar se os lotes estavam sendo regularmente ocupados por beneficiários do programa de reforma agrária.
O Projeto de Assentamento Corta Corda foi criado em novembro de 1997 para assentar 468 famílias e, atualmente, já conta com aproximadamente 700 famílias. Mas, segundo o MPF, há registro de irregularidades desde a instalação do assentamento, como a identificação de um número significativo de pessoas que ocupam uma área do projeto negocia as madeiras presentes nos lotes e depois abandonam a terra.
De acordo com o MPF, os assentados estão em situação de abandono, com estrada de acesso comprometida, além da falta de água, escolas, posto de saúde e qualquer tipo de assistência do Incra. Em contrapartida, conforme informações em apuração pelo MPF, sobram denúncias de crimes ambientais, de suposta invasão de terras públicas e ameaças de morte na comunidade Corta Corda. Passado um ano, o líder comunitário Sancler Viana denuncia que o assentamento está completamente abandonado pelo Incra.

Por: Manoel Cardoso
Fonte: RG 15/O Impacto

Um comentário em “Extrativista sofre ameaça de morte no assentamento Corta Corda

  • 3 de setembro de 2015 em 19:21
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    O que é mais cômico neste texto: a “denúncia” de que ele é ameaçado por lutar contra madeireiros ou a designação “Sancler extrativista”? Para quem não sabe, este ele anda numa pick up e fica se fazendo de coitadinho.

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