Líder comunitário contesta coordenador municipal

Francisco Barbosa afirma que casas do Residencial serão sorteados aos membros da Associação
Francisco Barbosa afirma que casas do Residencial serão sorteados aos membros da Associação

O programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”, que vem sendo desenvolvido em Santarém com recursos do Governo Federal, com a construção do Residencial Salvação, na rodovia Fernando Guilhon e os conjuntos Moaçara I e II, no bairro Aeroporto Velho gerou trocas de ‘farpas’ entre o presidente da Associação de Moradores do Bairro Aeroporto Velho (AMBAV), Francisco Barbosa, o “Chiquinho” e o titular da Coordenadoria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano (CHDU), José Dilson da Costa Quaresma.

No último fim de semana, durante um debate em um programa de rádio de Santarém, o secretário de habitação Dilson Quaresma afirmou que há critérios para selecionar as famílias que ocuparão as residências e, que a administração municipal já tomou algumas medidas. Ele deixou claro que nenhuma associação de moradores pode prometer aos seus associados, casa do Programa.

A Secretaria de Habitação anunciou que vai chamar todas as famílias já cadastradas para uma nova avaliação cadastral e quem permanecer dentro dos critérios irá disputar os imóveis que estão sendo construídos.

A previsão é que ainda neste ano as primeiras casas do Residencial Salvação sejam entregues. Dilson Quaresma garantiu que é possível que uma associação se cadastre no Ministério das Cidades e apresente os próprios projetos de Habitação.

Ele deu exemplos do município de Oriximiná, onde várias associações estão assinando contrato para a construção de casas.

De acordo com Dilson Quaresma, o Programa vai minimizar o déficit habitacional no Município. O “Minha Casa, Minha Vida” em Santarém reserva 4.561 mil residências. “São 3.081 casas no projeto da Fernando Guilhon e 1.480 do projeto Moaçara I e II”, explicou Quaresma, que garantiu que o Município está seguindo o cronograma e vem respeitando os critérios em relação ao cadastro das famílias.

AMBAV NÃO ABRE MÃO DO RESIDENCIAL: Por outro lado, o presidente da Ambav, Francisco Barbosa, contestou a versão dada pelo coordenador de habitação Dilson Quaresma e afirmou que a Associação do Aeroporto Velho não abre mão de algumas unidades do Residencial Moaçara I e II.

Francisco Barbosa adiantou que está se preparando para viajar novamente à Brasília para tentar esclarecer o que está acontecendo. Para ele, as famílias não podem perder a esperança de conseguir uma casa.

“Nós não podemos ficar sem nenhuma informação e, temos que buscar informação lá em cima. A gente viu que depois que a comunidade saiu e entrou a Prefeitura, as obras não avançaram e, enquanto estávamos à frente disso foi rapidinho que conseguimos as terras”, disse Chiquinho.

Ele acrescenta que o projeto andou, mas, agora paralisou e, que por isso tem que verificar o que está acontecendo, porque ainda não tem nenhum tipo de informação. “A comunidade, hoje, se sente prejudicada por essa falta de informação. Nós vamos buscar e verificar como está o andamento desse conjunto, porque as coisas estão se dificultando a cada dia mais e as pessoas estão perdendo até a paciência de que isso venha se realizar. Por isso nós iremos nesta viagem”, declarou Barbosa.

As casas do residencial Moaçara I e II pertencem ao programa “Minha Casa, Minha Vida” e são financiadas pela Caixa Econômica Federal.

O cadastro das futuras famílias beneficiárias é feito pela Prefeitura que repassa a lista para a Caixa. Francisco Barbosa reafirmou que a Associação de Moradores do Aeroporto Velho pode cadastrar famílias de toda a cidade de Santarém para indicar os imóveis.

“O Aeroporto Velho cadastrou mais de mil famílias, inclusive, mandou esses nomes para o Ministério do Planejamento e agora nós vamos reiterar de novo levando esta lista, porque ela tem que ser repassada para a Caixa Econômica. Acredito que na volta nós teremos alguma coisa para dizer para as pessoas que estão esperando. Já se vê até uma ação desesperadora das pessoas que estão cadastradas e que lutam. Já são 10 anos de luta desta comunidade e quando a gente pensa que a coisa vai se resolver, simplesmente acontece isso, a obra está parada há quase dois anos. As famílias são de toda cidade porque a comunidade do Aeroporto Velho tem como fazer isso, o estatuto permite”, assevera.

A obra parou em 2013, após denúncia do Sindicato da Construção Civil de Santarém que reclamou da falta de pagamento dos trabalhadores.

Segundo o vice-presidente do sindicato em Santarém, José Maria Viana, o problema continua sem solução e ninguém sabe informar quando a obra será reiniciada.

No dia 11 de dezembro do ano passado, o Ministério Público do Estadual (MPE) promoveu audiência pública para tratar do tema “Habitação”, em Santarém. A audiência aconteceu no espaço Theatro Victória e foi aberta ao público. A iniciativa da audiência pública foi da Promotoria de Justiça de Meio Ambiente, Patrimônio Cultural, Habitação e Urbanismo de Santarém, a partir de solicitação de movimentos e entidades da sociedade civil, e tratou de temas como atraso nas obras do PAC e planejamento por parte do município para resolver os problemas relacionados à habitação, bem como ouviu os cidadãos e autoridades sobre o assunto.

PARALISAÇÃO: As obras do conjunto habitacional Moaçara, continuam paralisadas. A construção faz parte do programa “Minha Casa, Minha Vida”. Em dezembro de 2013, a empresa Carmona Cabreira, responsável pela construção do residencial, entrou com um pedido de recuperação judicial na Justiça, que apontou as dificuldades financeiras da construtora. Devido a paralisação prejudicar o plano habitacional do Município, a Prefeitura solicitou esclarecimentos à Caixa Econômica Federal, que administra os contratos do programa “Minha Casa, Minha Vida”. Segundo Geraldo Bitar, coordenador do Núcleo de Gerenciamento de Obras (NGO), o objetivo é garantir a retomada dos trabalhos. “Não havendo a possibilidade da retomada dessas obras, com a construtora que detém o contrato, que ela tenha uma providência, de substituição ou, então, uma nova licitação. Mas que isso seja resolvido num curto espaço de tempo”.

O local está tomado por mato e as máquinas estão paradas, o que preocupa os moradores que se inscreveram no programa. De acordo com o presidente da associação de moradores do bairro Aeroporto Velho, Francisco Barbosa, no contrato de doação do terreno da Moaçara à Prefeitura, consta que os maiores beneficiados devem ser os participantes da associação. Ainda segundo Barbosa, o documento foi assinado em 2010, pela titular da Superintendência do Patrimônio da União (SPU) no Pará, Maria Aparecida Barros Cavalcante.

Por: Manoel Cardoso

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