Vida nas ruas transforma mulher em empresária de sucesso

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Benedita Cristina lembra a infância sofrida

A popular Tucandeira, uma das figuras mais conhecidas de Santarém, fala de sua trajetória, desde criança, na idade de sete anos, trabalhando para sustentar a família e que culminou nas ruas, vendendo o corpo para se sustentar. Benedita Cristina lembra a infância sofrida, vivida na Vila Arigó, antiga “Buchada”. Conforme ela mesma explica, o apelido Tucandeira surgiu por essa época. “Quando criança, eu junto com minha irmã tínhamos que carregar água, pois não existia torneira, nem água encanada. Eu ganhava a vida enchendo camburões dos outros moradores, pela parte da tarde. Por essa época, na década de 70, surgiu o carimbó do Pinduca, que falava de uma personagem Tucandeira”. Daí a origem do apelido, herdado da irmã que foi para Altamira. “Eu era a Benedita da Ilha da Seringueira”, citou.

“Fui criada por um padrasto que lutava para nos possuir sexualmente, e naquele tempo não tinha lei contra isso. A gente não podia nem contar para a mãe”, diz Benedita. Aos doze anos de idade, a família resolveu se mudar para Óbidos. “Eu pensei, se aqui em Santarém, no meio da família o padrasto quer me possuir, imagine em Óbidos”, foi com esse argumento que ela, uma menina resolveu fugir do barco e ficar em Santarém.

Em Santarém, Benedita Cristina, uma recém formada adolescente, se deparou com os revezes da vida, que mostraram uma face obscura, dias e noites vividas no Bar Tapajós, em Santarém, um recinto que não era adequado para uma adolescente, porém, surgiu na vida da menina ainda ingênua. “Sabe como é a vida nas ruas, tive que liberar. Fiquei na rua um tempão, mas mesmo nessa vida, eu sempre trabalhava”, destaca. “Trabalhei em casas de famílias, fiz faxina, fazia de tudo para um dia sair dessa vida nas ruas”, conta com nostalgia.

“De dia trabalhava, de noite eu saia. Eu pensei: se é para dar de graça, eu prefiro dar por dinheiro. Mas sempre fui trabalhadeira, hoje tenho minha casa, conquistei minhas coisas. Nunca gostei da vida que eu levava nas ruas. Em meio a tantas turbulências, eu pedia: ‘Deus, por favor me mostra um caminho bom’, e foi assim que aconteceu.

Benedita Cristina casou-se com o companheiro de mais de 20 anos. “Eu disse para ele, ou a gente casa ou vamos nos separar”, ele resolveu casar. “Hoje minha vida de casada vale a pena, não existe melhor vida do que esta”, finalizou Benedita Cristina, a ex-Tucandeira.

Por: Carlos Cruz

Fonte: RG 15/O Impacto

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