Jovem paraense atingida em protesto perde a visão

A publicitária paraense Renata da Paz Ataíde, de 26 anos, perdeu a visão de um dos olhos, após ser atingida por uma bomba lançada pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, em uma manifestação ocorrida no dia 20 de junho, no centro do Rio. Renata levava uma cartolina com as frases “Que país é este?” e, abaixo, “Todos acreditam no futuro da nação”. Era mais uma dos vários jovens brasileiros que protestavam naquele dia.

Após um grupo tentar invadir o prédio da prefeitura do Rio, a Tropa de Choque da PM reagiu com balas de borracha, gás de pimenta e bombas de efeito moral. Foi numa dessas explosões, que a estudante foi atingida.

A jovem estava fugindo da confusão com um amigo, quando atiraram em sua direção duas bombas. Além de muito sangue em seu rosto, algum tipo de fragmento, ainda desconhecido, atingiu seu globo ocular.

“Não me faz bem lembrar desse episódio, muito menos lembrar de todos os detalhes. Mas, infelizmente, esse caso precisa vir a tona para que eu lute com mais força em busca dos meus direitos. Essa é uma forma de registrar tudo o que aconteceu comigo e expor, ao grande público, o despreparo da tropa de choque do Rio de Janeiro neste dia, a covardia e, principalmente, o risco que estas tais armas não letais oferecem”, relata a jovem em seu perfil no Facebook.

Renata já passou por duas cirurgias: uma reparadora do rosto, outra no olho. Uma das opções é uma prótese do globo ocular, que pode sair por mais de R$ 100 mil.

“A Polícia reagiu de modo IMORAL comigo e com todas as pessoas pacíficas neste ato. E eu preciso perguntar ao ESTADO se o efeito desta bomba na minha vida foi meramente MORAL? Hoje possuo uma possibilidade muito pequena de recuperar a visão, provável que a minha vida sofra uma grande adaptação de agora em diante e mesmo que a mim recaia o maior preço a ser pago, aliás, já estou pagando com o comprometimento da minha visão, o ESTADO deve pagar e se responsabilizar pela brutalidade e insanidade de seus atos neste acontecimento”, completa.

E questiona: “Havia um cartaz em minhas mãos durante o percurso e nele estava escrito: QUE PAÍS É ESSE? Ainda procuro respostas…”

Fonte: Antonio Santos/DOL