Mauro Santos nega entrega do PSD a Helder. E afirma: “com Helenilson, o partido não existe”

Mauro Santos
Mauro Santos

O advogado Mauro Santos, fundador e organizador do Partido Social Democrático (PSD) no Pará, em contato com o Ver-o-Fato, nega com veemência que esteja articulando a entrega do partido ao peemedebista e atual ministro da Pesca e Aquicultura, Helder Barbalho, de acordo com informação exclusiva postada ontem à noite pelo blog. “Não tenho nenhum prestígio dentro do partido. Não tenho o controle, os documentos, nenhum poder lá dentro”, afirmou.

Segundo ele, depois que o ex-candidato ao Senado pela sigla, o atual secretário de Educação do governo tucano, Helenilson Pontes, assumiu a presidência do PSD, “o partido acabou, não existe mais”. A conspiração para a entrega do PSD a Helder teria chegado ao conhecimento de Helenilson, que reagiu indignado, de acordo com fontes do partido, enfatizando que isso jamais irá acontecer enquanto ele estiver no comando.

Para Mauro Santos, não faz nenhum sentido Helenilson acusá-lo de querer entregar a sigla se não possui mandato parlamentar, não tem votos e, menos ainda, exerce o comando partidário. “Sou o secretário-geral e não falo com o Helenilson desde dezembro do ano passado”, revelou o advogado, assinalando ser “estranho” que o secretário de Educação tente responsabilizá-lo por uma articulação política com os Barbalho que não existe, pelo menos da parte dele, Mauro Santos.

O PSD possui hoje três deputados federais – Éder Mauro, Joaquim Passarinho e Francisco Aguiar, o “Chapadinha”, que são lideranças fortes, mas estariam à margem de qualquer entendimento, inclusive em Brasília, para que o PSD e o PMDB marchem unidos na eleição municipal do ano que vem e na estadual, em 2018, quando Helder – derrotado por Simão Jatene em 2014 – tentará novamente alçar voo em direção ao governo.

Aliás, no papel de noiva política do momento, o PSD caiu nas graças de Jader Barbalho, o pai, e de Helder, o filho, porque é um partido jovem e tem cacife eleitoral para não ser apenas rabo de peixe grande, mas cabeça de peixe pequeno. Se fizer carreira solo, o partido tem hoje o delegado de polícia Éder Mauro como candidato a prefeito de Belém e favorito em pesquisas. Na eleição de 2014, o partido obteve mais de 840 mil votos, decisivos para a reeleição de Simão Jatene, de quem o PSD foi aliado.

Não há mistério: o PMDB apóia Eder Mauro em 2016 e, em 2018, o PSD cerra fileiras com Helder. O desenho é dispensável, para bom entendedor. O que Jader e Helder miram no PSD, nesse jogo de sedução cujo objetivo é atrair a noiva para a alcova de uma aliança em 2016, mas sob promessas de casamento, fidelidade e uma bela herança de votos em 2018, não são os belos olhos do partido montado por Mauro Santos e presidido por Helenilson Pontes, que se opõe ferrenhamente a esse, digamos assim, estupro consentido.

Estão em jogo, principalmente, os 2 minutos e 30 segundos, tempo que o PSD terá na televisão e no rádio, durante o horário eleitoral gratuito do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Parece pouco, mas não é. Foi o mesmo tempo que o PSDB ganhou ao se unir ao PSD na eleição passada. O marketing competente de Orly Bezerra se encarregou do resto, fazendo de Jatene governador pela terceira vez – um recorde em eleição direta na história política do Pará -, quando Helder, num arroubo de imaturidade política, chegou a promover antecipadamente um “jantar da vitória” em sua mansão no Lago Azul, em Ananindeua.

Jader e Helder - o poder em 2018 na mira
Jader e Helder – o poder em 2018 na mira

Em conversa com o blog, Mauro Santos diz que Helenilson pode estar com “mania de perseguição” ao acusá-lo de montar a estratégia em que o PSD entraria como o cavalo de tróia na eleição de 2016. “Não falo com o Helenilson desde dezembro do ano passado, repito”, informa, destacando que ao dar vida ao partido, após receber o aval do presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, o PSD foi implantado em 110 dos 141 municípios paraenses. ” O Sérgio Leão me ajudou muito nessa tarefa”, revelou. Leão foi presidente do partido e hoje é conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).

“Não sei se o que implantei de diretórios por todo o interior continua, mas o que sei é que o partido está parado. O Helenilson não reúne, não faz articulação, não conversa com as lideranças, nada”, avalia Mauro Santos, lembrando que o fato de as eleições municipais acontecerem em 2016 já deveria ter produzido resultados no PSD, fazer a agremiação “se mexer”, o que não ocorre.

Kassab, aliado de Dilma, lá; de Jatene, aqui
Kassab, aliado de Dilma, lá; de Jatene, aqui

Jader e Kassab

Ontem, o Ver-o-Fato tomou conhecimento de que, em Brasília, o senador Jader Barbalho já teve conversa preliminar com Gilberto Kassab para que o PSD e o PMDB fechem coligação para a eleição de 2016. O partido de Kassab, como é notório, tem posição dúbia no planalto e na planície. Em Brasília, o partido é aliado ferrenho do governo de Dilma Rousseff, embora no Pará continue parceiro do PSDB, que faz oposição ao governo da presidente da República.

O blog também soube que Kassab já teria manifestado pessoalmente sua inquietação a Helenilson pelo fato de este ser presidente do partido no Pará e, ao mesmo tempo, secretário de Educação de Jatene. Ou seja, seriam funções inconciliáveis para o momento político que o partido vive, que requer a presença constante de seus dirigentes, para discutir problemas e encaminhar soluções.

Ainda diante de tantas articulações, troca de farpas entre dirigentes e, como se não bastasse, o assédio dos caciques do PMDB local. Um partido que parece estar com a testosterona política em níveis elevados, buscando a qualquer custo o acasalamento com o PSD.

Que, a medir pelas afirmações de Mauro Santos, parece uma jovem solta no mundo, sem pai, nem mãe, e vulnerável a assédio.
Fonte: Ver O Fato

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