Sem emprego, santareno aposta no negócio próprio

Grandes pontos comerciais são subdividos
Grandes pontos comerciais são subdividos

Pelos bairros periféricos de Santarém, Oeste do Pará, a cada dia que passa aumenta o número de pequenos empreendimentos comerciais. Basta uma caminhada pelas ruas da cidade para perceber o boom empreendedor.
São profissionais de diversos ramos, que viram no negócio próprio a única alternativa para sustento da família, em uma fase que o número de trabalhadores desempregados só aumenta. A atuação é bastante diversificada, vão desde uma pequena banca de tacacá com iguarias da região, venda de churrasquinhos até minimercados e padarias.
Nos principais cruzamentos da cidade, é fácil encontrar alguém vendendo pupunha, milho cozido e pamonha. Pelas avenidas e travessas do centro acompanhamos diariamente o vai e vem de vendedores empurrando seus carrinhos com panelas cheias de mingau de banana e mungunzá.
Na Avenida Verbena, no bairro do Jardim Santarém, os praticantes de caminhada que passam pela via em direção ao Parque da Cidade, sofrem com a oferta excessiva de quitutes, o que dificulta a manutenção da dieta.
RETORNO A TERRA NATAL: O grande número de empreendimentos também é resultado do investimento realizado por santarenos que há anos saíram de sua cidade natal, com o objetivo de conseguir melhores oportunidades. Fizeram poupança e agora retonaram com perspectiva do negócio próprio. O objetivo é concretizar o sonho de garantir a geração de renda vivendo em Santarém. Dentre estes, muitos eram residentes da cidade de Manaus, e viram na opção de voltar para Santarém a chance de se livrar da violência que toma conta da capital amazonense.
ESPECIALISTAS ALERTAM: Na hora de abrir o próprio negócio, é preciso ter muita cautela. Mesmo que pequeno, é sempre necessário ter uma reserva extra de capital. O recurso adicional é fundamental para garantir a sobrevivência do empreendimento nos primeiros meses, até que o negócio comece a conquistar os clientes. Com a clientela satisfeita, as vendas aumentam, e a partir de então, o negócio se viabiliza com retorno financeiro.
Sempre que possível, reinvestir no empreendimento o máximo possível do que foi ganho no dia. Procurar se diferenciar da concorrência, especialmente no que tange ao atendimento ao cliente. Consumidor satisfeito é o melhor marketing.
E finalmente, muito cuidado com as finanças. Evite realizar compromissos que não tenha como quitar. É claro que quem não arrisca não petisca, como diz o ditado, mas mantenha o pé no chão, seja realista. Sempre que possível separe as despesas do negócio, das despesas da família/casa.
A CRISE DO EMPREGO: Com o País vivendo a pior crise de desemprego desde 2003, os dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) demonstram que no mês de maio, o Brasil teve a perda de 115.599 vagas de empregos formais. São poucos os setores da economia que não contabilizam perdas de vagas.
No município de Santarém, a situação não é diferente do resto do País. De acordo com as estatísticas apresentadas no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), no ano de 2013 o saldo na geração de emprego formal foi positivo em 663 vagas, demonstrando que o mercado admitiu mais do que demitiu. Já em 2014 o número foi bem menor, passou para 140, no entanto, manteve a variação absoluta positiva.
A expectativa para 2015 não é das melhores. Visualizando os dados dos primeiros cinco meses do ano, o saldo já é negativo. São 270 vagas de emprego formais que deixaram de existir, quase o dobro do mesmo período do ano passado, quando foram extintos apenas 144 postos de trabalhos em Santarém.
MOTOTAXISTA CLANDESTINOS: Para os jovens, a retração do mercado de trabalho é ainda mais dura. Muitas vezes sem qualificação e sem experiência, a juventude santarena, especialmente os homens, acaba por optar em trabalhar como mototaxista clandestino. O fato é que neste trabalho o perigo é diário. Assaltos, roubos, furtos e acidentes de trânsito são rotina na vida daqueles que se lançam nesta jornada. Ademais, não sobra tempo suficiente para que os jovens procurem melhorar sua qualificação, ou concluir seus estudos. Impossibilitando a este público obter melhores colocações no mercado de trabalho.
NÃO HÁ VAGAS: A placa com esses dizeres é comumente vista e encontrada em empresas. No entanto, uma placa deste tipo foi exposta em um ponto de mototaxistas clandestinos, situado no bairro do Aeroporto Velho, na esquina da Avenida Marajoara com a Travessa Natal. O que à primeira vista soa como uma grande brincadeira, na verdade representa a realidade que o Município vive. São tantos mototaxistas clandestinos na cidade, que naquele espaço em que a placa foi exposta, não cabe mais ninguém.
INFORMALIDADE: Muitos dos trabalhadores que estão desempregados, não tem outra alternativa a não ser ir para mercado informal. Apesar de obterem uma renda, acabam por abrirem mãos de importantes direitos ligados principalmente à Previdência, como por exemplo: o direito ao auxilio doença. Porém, muito pode ser feito, caso o ramo em que o desempregado esteja atuando de modo informal, faça parte das atividades prevista na Lei do Microempreendedor Individual (MEI).
FORMALIZE-SE: Segundo o Portal do Empreendedor, site que contém diversas orientações sobre a Lei Complementar nº 128/2008, “O Microempreendedor Individual (MEI) é a pessoa que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário. Para ser um microempreendedor individual, é necessário faturar no máximo até R$ 60.000,00 por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular”. Ainda de acordo com o site, uma das principais vantagens é também obter o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). E a partir daí poder realizar abertura de conta bancária, solicitar empréstimos e emitir notas fiscais.
Por: Edmundo Baía Junior
Fonte: RG 15/O Impacto

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