No UFC, 85% dos atletas fizeram duas lutas ou menos em 2012

Daniel Pineda, Matt Brown, Max Holloway, Mike Pierce, Melvin Guillard e Michael Johnson foram os
Daniel Pineda, Matt Brown, Max Holloway, Mike Pierce, Melvin Guillard e Michael Johnson.

Melvin Guillard, Michael Johnson, Max Holloway, Matt Brown, Mike Pierce e Daniel Pineda. Essa não é a relação de campeões do UFC, muito menos a lista dos lutadores mais importantes da maior organização de MMA do mundo. Mas por uma circunstância ou outra, foram os únicos atletas que conseguiram disputar quatro lutas no Ultimate em 2012. Os três primeiros, aliás, chegaram à marca no UFC 155, o último do ano, no dia 29 de dezembro. Entrar no octógono para disputar um combate não vem sendo uma tarefa fácil.Daniel Pineda, Matt Brown, Max Holloway, Mike Pierce, Melvin Guillard e Michael Johnson foram os
únicos lutadores que atuaram quatro vezes no UFC em 2012 (Foto: Agência Getty Images)

O SPORTV.COM fez um levamento sobre todas as lutas do UFC no ano. Foram ao todo 341 em 31 eventos, o que dá uma média cravada de 11 em cada edição. Ao todo, 361 (85%) dos 425 atletas que estiveram sob contrato do Ultimate em 2012 entraram no octógono duas vezes ou menos. Desses, 164 lutaram apenas uma vez e 37 sequer atuaram, entre eles Dan Henderson, Dominick Cruz, Rogério Minotouro e Alistair Overeem.

Fato é que, com a chegada dos lutadores do Strikeforce, atuar no Ultimate será ainda mais concorrido. Perguntado pelo SPORTV.COM sobre o assunto em Las Vegas (EUA), antes do UFC 155, o presidente Dana White revelou que a organização iria começar o ano com muito mais atletas sob contrato do que os que constam no site oficial. Serão 475 ao todo.

– O número ideal de lutas para um lutador no UFC é três por ano. Muitos dos que lutaram apenas uma vez estiveram envolvidos com lesões, suas ou de oponentes. Mas, se um lutador estiver saudável e lutando bem, eles lutarão três ou quatro vezes – disse o dirigente.

Não é bem assim. Nesse cenário, com 475 lutadores sob contrato, para que cada um possa realizar pelo menos dois combates em 2013, seriam necessários 43 eventos, 12 a mais em relação a 2012. Para que atuem três vezes, como Dana White acha ideal, o UFC teria de promover 65 edições, o que daria mais de um por semana e seria mais do que o dobro em relação ao ano anterior.

 

 

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É bem verdade que alguns desses lutadores serão demitidos antes do fim do ano. Mas também haverá contratações, principalmente levando-se em conta que há uma categoria engatinhando entre os homens – o peso-mosca – e que as mulheres vão estrear com o peso-galo neste ano.

Entre os lutadores, alguns pontos de vista diferentes

Alguns lutadores reclamam da inatividade por causa da falta de dinheiro – eles só recebem do UFC quando lutam. Outros preferem lutar menos para assim ganhar tempo para descansar e treinar da melhor forma. Campeão do peso-pena no TUF Brasil, Rony Jason gosta de ter um ritmo menor de combates.

– O UFC tem uma preocupação muito grande com o atleta. Eles dão uma estabilidade muito grande. Já os eventos nacionais não dão essa estabilidade toda. É bom também em termos de patrocínio, a gente ganha uma visibilidade boa. No UFC o atleta tem a cabeça mais tranquila. Eu treino duas vezes por dia, e o resto do dia é livre, vou à praia… Você pode fazer seu próprio horário. A bolsa da luta é boa também, diferente da oferecida pelos eventos nacionais, que é de R$ 2 mil, R$ 3 mil. Então, o lutador do UFC demora mais a lutar, mas tem uma estabilidade maior, tem tempo para arrumar mais bons patrocínios. O nível dos adversários, no entanto, é o mesmo. Lutei contra o Sam Sicilia e achei a mesma coisa de lutar contra um adversário em evento no Brasil – disse o cearense.

O lutador do UFC demora mais a lutar, mas tem uma estabilidade maior, tem tempo para arrumar mais bons patrocínios”

Rony Jason, lutador do UFC

Lutador do peso-meio-pesado, Fábio Maldonado tem uma opinião um pouco diferente. Assim como Dana White, ele acha que o ideal é lutar mais de duas vezes. Mas lembra que nem sempre é possível.

– Para mim, o melhor é lutar três ou quatro vezes em um ano. É o tempo ideal para o lutador poder descansar e entrar em um outro ciclo de treinos. Mas muitas vezes o cara sai de um card por se machucar, por culpa dele mesmo. Isso já aconteceu comigo, inclusive. O treino é brutal. Se não for assim, não consegue (lutar bem). São coisas que acontecem – disse.

Também meio-pesado do Ultimate, Wagner Caldeirão está em um ritmo forte de lutas. Contratado em meados do ano passado, ele lutou em agosto e em outubro. Sem perder tempo, já aceitou entrar no octógono de novo e vai atuar no UFC São Paulo, no próximo dia 19.

– Tem os prós e os contras. Se eu lutar cinco vezes por ano, vou ter que desidratar cinco vezes também e passar por esses processos, o que não é muito bom para o corpo. Se lutar menos, será menos drástico para o corpo, mas às vezes você pode perder o ritmo. O detalhe é que está difícil fazer até mesmo duas lutas, porque muita gente se machuca. A preparação é realmente muito puxada. Não sei se é bom ou ruim – comentou.

Wagner Caldeirão vai realizar três lutas em cinco meses de UFC (Foto: Agência EFE)
Wagner Caldeirão vai realizar três lutas em cinco meses de UFC (Foto: Agência EFE)

O maior problema é que o UFC não dá demonstrações de que o número de eventos será muito maior em 2013. Em 2012, por exemplo, a organização realizou sete eventos entre janeiro e março. Para o ano que começou há pouco, o número até o terceiro mês da temporada também é de sete.

 

Por Ivan Raupp, Klima Pessanha e Marcelo Russio Rio de Janeiro (combat)

 

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