Ex-senador boliviano é morto após deixar casa de Olacyr de Moraes

Andrés Guzmán ao lado de Olacyr de Moraes
Andrés Guzmán ao lado de Olacyr de Moraes

Miguel Garcia Ferreira, de 61 anos, homem de confiança do empresário Olacyr de Moraes, matou na sexta-feira, 4, com quatro tiros o economista e ex-senador boliviano Andrés Fermin Heredia Guzmán, de 60 anos. O crime aconteceu na Avenida Morumbi, no Morumbi, na zona oeste de São Paulo, pouco depois de Ferreira e Guzmán terem deixado a casa de Olacyr, conhecido como o rei da soja.

O Estado procurou ontem Olacyr, mas não conseguiu encontrá-lo. Ferreira trabalha há 38 anos para Olacyr como motorista e segurança. Guzmán conhecia os dois havia 20 anos. Ele era lobista e mantinha negócios com o empresário.

Na manhã desta sexta, ele chegou à casa de Olacyr, no Morumbi, por volta das 11 horas. Estacionou seu Cherokee blindado na garagem do imóvel e subiu. A conversa demorou cerca de 30 minutos. Quando desceu, o boliviano foi abordado por Ferreira, que lhe pediu uma carona até a Praça Oscar Americano, no bairro.

Os dois entraram no Cherokee. Guzmán carregava um sacola. Ferreira contou aos policiais que o detiveram que o economista boliviano estava se aproveitando de Olacyr para “tomar dinheiro de seu patrão”. O segurança disse que pretendia “dar um susto” no economista. Para tanto, carregava um revólver calibre 38.

A arma estava registrada no nome de Ferreira, que, no entanto, não a havia recadastrado na Polícia Federal. Quando o carro parou na praça, o motorista sacou o revólver e o apontou para a cabeça de Guzmán, que teria reagido. Nesse momento, segundo a polícia, Ferreira disparou quatro vezes – três balas acertaram a vítima.

O economista tombou para trás e o carro acelerou, atravessando a avenida e batendo em um poste. A vítima – mesmo alvejada duas vezes na cabeça e uma no peito – saiu do carro, deu alguns passos e caiu. Ferreira abriu a porta do passageiro, deu a volta no veículo e tentou assumir a direção do Cherokee.

Como não conseguiu sair com o carro, desceu e abordou uma mulher. Disse que havia sofrido um acidente e pediu que ela o socorresse. Ele estava com sua camisa ensanguentada. No momento em que entrava no carro da mulher, o acusado do crime foi abordado por investigadores do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Os policiais passavam pela avenida e haviam ouvido os disparos. Eram 11h40.

Ferreira foi detido segurando a sacola com que Guzmán havia deixado a casa de seu patrão. Dentro dela havia R$ 399,9 mil. O dinheiro, segundo o acusado do crime, havia sido dado ao boliviano por Olacyr.

‘Matei’. De acordo com o diretor do Deic, delegado Wagner Giudice, o acusado, ao ser detido, disse aos policiais: “Matei mesmo. Tudo o que eu tenho eu devo ao Olacyr e ele (Guzmán) estava tentando se aproveitar da condição de saúde dele (Olacyr)”. O motorista foi levado para o Deic, onde acabou autuado em flagrante sob a acusação de homicídio.

Ao ser indagado se queria contar sua versão dos fatos, o acusado – defendido pelo criminalista Adriano Salles Vanni – se recusou a depor e afirmou que só vai fazê-lo em juízo. A polícia agora quer ouvir o depoimento de Olacyr para saber qual a razão que o levou a entregar R$ 399,9 mil ao boliviano.

Além disso, os investigadores devem verificar a lista de últimas chamadas feitas pelo economista e pelo motorista. O carro da vítima foi examinado pela perícia. Para os responsáveis pela investigação, a principal hipótese para o crime é que o acusado tenha “tomado as dores” de seu patrão, a quem Guzmán, segundo ele teria dito aos policiais, “estava deixando triste”.

Existe ainda a suspeita de que uma extorsão estivesse em andamento. Segundo a Polícia Civil, Guzmán pertencia a uma câmara de comércio entre o Brasil e a Bolívia e tinha atividades no País desde 1972.

Fonte: Estadão

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