Terrenos na Grande Área do Maicá são vendidos com apoio de políticos

Adilson Matos, presidente do Conselho de Segurança
Adilson Matos, presidente do Conselho de Segurança

Uma denúncia grave de que famílias tradicionais estão sendo induzidas por políticos a vender casas e terrenos para empresas que irão instalar portos nos arredores do Lago do Maicá levou o presidente do Conselho de Segurança da Grande Área do Maicá (CONSEG), Adilson Matos, a pedir providências junto a órgãos fiscalizadores como a Polícia Federal (PF), Ministério Público Estadual (MPE) e Ministério Público Federal (MPF).

Há suspeita de que políticos influentes da cidade, em parceria com um engenheiro ambiental, estejam intermediando a compra dos lotes, junto às famílias ribeirinhas, para em seguida negociá-los com as grandes empresas que irão construir os portos, ligadas a Empresa Brasileira de Portos de Santarém (Embraps).

“Um terreno medindo 10 x 30, eles estão negociando entre R$ 8 mil e R$ 10 mil. Existem terrenos maiores com valores acima do que está sendo pago pelos políticos, devido o projeto de construção desses portos”, revela Aldilson Matos.

Segundo Adilson Matos, foi repassada a informação ao Conselho de Segurança de que são políticos ligados ao Município. “Esses políticos são o elo entre as empresa e os comunitários. A venda desses lotes está sendo feita para retirar as famílias tradicionais, para que se desloquem para ouros bairros da cidade e desta forma facilitem a construção dos portos”, denuncia.

De acordo com Adilson, o Conselho de Segurança já recebeu várias denúncias de que um grupo de pessoas está procurando com muita freqüência os ribeirinhos para comprar os lotes, para depois vendê-los as empresas que vão se instalar naquela área.

“Temos conhecimento de que essas pessoas estão comprando esses lotes, até como uma forma de especular a área. Já está previsto que serão construídos quatro portos graneleiros na Grande Área do Maicá. São grandes lotes que estão sendo comprados por empresários do setor imobiliário e políticos, especulando o local para vender as empresas portuárias”, afirma o presidente do Conseg.

Adilson Matos aponta que os lotes que estão sendo especulados, ficam localizados entre os bairros da Área Verde, Jaderlândia e também na região da Serra do Diamantino. “Essa é a área de influência que será impactada pela construção dos portos. A grande maioria das famílias não tem conhecimento do valor do imóvel e com isso está surgindo a especulação da compra. Tudo isso, no sentido de viabilizar e se beneficiar com a construção desses portos. O valor do lote varia pelo tamanho do terreno e a localização”, relata.

PREOCUPAÇÃO: Moradores dos nove bairros que compõem a Grande Área do Maicá, em Santarém, afirmam que estão preocupados com a construção dos portos graneleiros previstos para serem instalados na área. Segundo eles, a maior preocupação é com o impacto ambiental que a obra pode causar ao Lago do Maicá.

O porto deverá ser instalado numa área que vai do bairro Área Verde até o Lago do Maicá. Os estudos de viabilidade para construção do empreendimento estão em processo avançado. Eles pedem informações sobre a obra, e garantia de que os pescadores da região não serão prejudicados. “Geralmente em empreendimentos grandes que vão gerar mais impactos negativos do que positivos, somos os últimos a ser envolvidos nesta questão. Preocupados com isso, estamos nos reunindo para levar ao conhecimento do poder público que nós estamos interessados no desenvolvimento, mas queremos fazer parte diretamente desse projeto”, disse o presidente do Conselho de Segurança do Maicá, Adilson Matos.

De acordo com as lideranças comunitárias, a área que o porto vai ocupar será aterrada. O medo é que o serviço comprometa a pescaria. “Lá tem muitas pessoas que pescam na área. Eles não vão nos dar alimentos, nem sustento, não vão dar nada. E é de lá da pescaria que os pescadores se sustentam”, destaca o presidente do Conselho de Pesca, Domingos Aquino.

Segundo Adilson Matos, as dúvidas sobre o empreendimento estão sendo levadas à Câmara de Vereadores para tentar uma forma da comunidade também fazer parte das decisões tomadas a respeito do projeto. Eles também acionaram o Ministério Público.

O caso é sério e deve ser investigado pela Justiça, para que seja apurada a veracidade da denúncia de Adilson Matos, que pelas suas declarações, esses políticos ligados ao poder estão se beneficiando das pessoas mais humildes que moram na Grande Área do Maicá.

Fonte: RG 15/O Impacto

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